segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Retrospectiva

Como de praxe em tudo que é porcaria nesta época do ano, aqui vai uma rápida retrospectiva, assim eu (re)organizo as idéias e penso por onde ir em 2008, e quem chegou agora pode der uma fuçada geral.


Temas já tratados aqui, e por hora concluídos (nada é completo, nunca, tudo tem prazo de validade) :

- Motivos da impopularidade do Fly.
Partes: introdução, destrinchando a idéia, o importante é pescar (este encaixa em outro assunto também);

- Alguns mitos foram mencionados.

- Falamos sobre o que a maioria dos iniciantes (e alguns "velhacos") geralmente não consideram: o peixe está onde a comida está (ou passa).

- Lembramos que conhecer o oponente é tão, ou mais importante do que domínio da técnica.

Assuntos já começados (comentados), que pretendo comentar mais em 2008

- variações das wooly-buggers, outras iscas, detalhes e a falta deles.

- a importância dos cursos de pesca

- Líder: mais alguns comentários

- Segunda teoria sobre a impopularidade do fly.

- Algo mais sobre equipamentos, e a (in)utilidade de alguns deles.

- Fazer mais e postar mais fotografias. (só um link, tem várias no blog)

- Aprender e divulgar mais sobre entomologia


Desejo a todos muita SORTE (explicada no final do post do link) em 2008. Além de muita paz e saúde, tendo isso o resto a gente arruma.

Não sabe não se meta.

Recentemente questionaram a minha experiência em um assunto (não foi sobre pesca e não vou detalhar o ocorrido), disseram que a minha experiência não era suficiente para falar sobre tal coisa.

Até agora (ainda bem) ninguém veio, me atormentar sobre a minha (pouca) experiência no fly.

Mas, já prevendo que isso vai acontecer, vou explanar como começou a minha experiência (não o meu primeiro contato) na pesca com mosca.

Em maio de 2005 conheci o grande pescador, e que viria a se tornar um grande amigo, Rubens Gomes (ou Gorben como ele gosta).


Na época o Rubens era empresário, e podia fazer seus horários, então ele começava a trabalhar às 5 da manhã (às vezes antes) para poder parar as 15 horas e ir pescar. No meu trabalho estava com horário especial, das 8 da manhã às 14 horas.

Então quase que diariamente, nos encontrávamos às 14:30 (tempo para eu chegar em casa, almoçar e pegar a tralha) e íamos pescar.

Esta rotina se estendeu por cerca de um ano e meio, até a ida do Rubão para Portugal onde mora hoje.

O Rubens só pesca de fly e eu só pescava de bait (cheguei a tentar o fly, mas não vingou naquela época).

Então de 4 a 6 vezes por semana, de duas (no inverno) a 6 horas (no verão), durante um ano e meio eu tive contato com a pesca com mosca. E ainda por cima com um grande pescador.

Conversávamos muito sobre técnicas, táticas, equipamentos, clima, solo, vegetação, insetos, peixes, enfim tudo.

Eu era um pescador com mosca "passivo" (assim como quando sentamos ao lado de um fumante).

Aprendi tanto com o Rubens, que quando realmente fui começar a pescar com fly há uns 6 meses atrás (meu segundo equipamento, pois o primeiro eu não gostei e vendi pra não desistir de pescar no futuro), era como se já fizesse aquilo há muito tempo.

Óbvio tinha que me acostumar com o equipamento, com os movimentos, com o tempo da linha, mas o essencial: saber onde lançar a isca, conhecer vários tipos de iscas, entender a diferença da numeração de equipamentos, as variações de líderes, enfim, eu sabia um pouco de tudo. E isso me facilitou muito na hora que comecei a pescar na prática, era como se já praticasse esta modalidade há mais de 1,5 anos.

Pena que agora meu amigo vive do outro lado do Atlântico e ainda não fizemos uma pescaria só de fly juntos. Agora quando pesco é como se reencontrasse meu antigo parceiro de pesca, por vezes parece que ouço a sua voz e seus comentários sobre onde o peixe deve estar por causa da cor da água, da luminosidade do dia, dos insetos que estão eclodindo...

Mas sei que em breve nos encontraremos, ou aqui em águas Joinvilenses para pescar algumas saicangas ou em Portugal para que eu possa aprender ainda mais com o Rubens que está se tornando cada vez mais um excelente atador e pescador (principalmente de trutas e achigãs).

Explica?

As vezes em nossas andanças pelas margens dos rios encontramos lugares magníficos, aquele que você olha e pensa: UIA! É AQUI! Um verdadeiro fast-food ictiológico.


Daí você chega, pesca, pesca, pesca, usa trocentas iscas, passa um pente-fino no rio e nada... absolutamente nada.

Como explicar uma situação dessas?
Só a idéia do restaurante do peixe é suficiente?
Acho que não, mas não tenho certeza de quais outros fatores estão envolvidos.

Enfim como já disse antes: nem tudo que reluz é ouro.

sábado, 29 de dezembro de 2007

quente

Não sei como está o resto do Brasil, mas por aqui tem feito muuuito calor.
Amigos que estão indo pescar ou têm desistido na metade do dia, ou voltam acabados de cansados.

Eu não tenho ido ultimamente, por diversos motivos:

1. Banhistas: nesta época é difícil achar um lugar pra pescar que já não tenha ninguém tomando banho (hoje um amigo que foi atrás de robalos disse que tinha gente tomando banho até perto do mangue). Só se madrugar no pesqueiro ou andar muito dentro da água ou sair embarcado (outro tipo de pescaria)

2. Calor: está muuuito quente, o que além de judiar muito do pescador, faz os peixes afundarem em busca de águas menos quentes e por conseqüência mais oxigenadas, dificultando ainda mais a pescaria. E sinceramente, neste calor que tem feito, só se pegar o sol nascendo no pesqueiro (e com o horário de verão significa estar no pesqueiro antes das 6h), ou no fim da tarde, mas daí voltamos ao problema nº 1.

3. Férias: ao contrário da maioria, quando tiro férias eu pesco menos, principalmente agora que a folga do trabalho da esposa coincidiu com o meu. Afinal, pesco durante o ano, quando ela tem que trabalhar. Agora é hora de aproveitar o tempo livre com ela, e como ela tem pescado cada vez menos, as atividades de lazer são outras.

4. Tendinite: estou com um início de tendinite, melhor deixar o braço descançar um pouco. Falando nisso, é melhor digitar menos também.

E como acordar cedo nesta época de comilanças e bebilanças não é fácil... eu aproveito pra descançar, organizar a tralha, especular lojas, etc.

Pescando menos = menos idéias e fotos = menos postagens.


Paciência, melhor postar menos e melhor do que ficar enchendo linguiça.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Raro momento...


é difícil encontrar uma libélula ecoldindo quando você está com a máquina fotográfica.

Neste dia eu estava sem máquina, mas o Antonio tinha levado a dele.

Os créditos pela fotografia são dele.

Promessa de ano novo

Fazer + fotos pra deixar o blog mais "olhável"

Delivery

Além de considerar o restaurante do peixe, temos que considerar por onde a comida passa.

É como se fosse um delivery.

Imagine um poço fundo no leito de um rio, de uns 2 metros de profundidade, a comida (seja inseto, seja peixe, seja crustáceo) além de poder estar por todos os lados também pode estar em toda a coluna da água.
No fim do poço, onde começa a ficar raso, a coluna de água diminui para uns 50, 30 ou até menos, centímetros. Neste lugar caçar fica muito mais fácil, é só ficar ali esperando a comida que vem acompanhando a correnteza, às vezes indo um pouco para um lado ou para o outro, é como andar em uma praça de alimentação, sem ter que subir e afundar a todo o instante, o que seria tão trabalhoso como procurar uma lanchonete em um prédio de em 20 andares.

Outro exemplo seria um trecho onde o rio se estreita repentinamente, os insetos, os peixinhos e camarõezinhos que são carregados pela correnteza vão passar por ali com certeza.

É o fast-food ictiológico.

Estes exemplos podem (mas nem sempre) ser válidos para peixes como saicangas, jacundás (nhácundás), trutas e outros predadores.

Porém cada qual com seu hábito peculiar.
Os lambaris são um caso à parte, predadores vorazes adaptados para caçar em qualquer situação. Estão me fascinando cada vez mais agora que pesco com mosca. Tanto que é bem possível que a próxima aquisição seja um conjunto #3 ou #2.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Exemplificando o post anterior.

Na pesca do robalo no mangue, por exemplo, é fundamental conhecer os pesqueiros, vão existir várias estruturas, mas não vai ter peixe em todas. Neste caso, geralmente pesca-se diversas vezes, em diversas marés, até ir aprendendo qual galhada é boa, em qual maré, em qual hora do dia e qual é a isca boa pra este lugar.

Descobrir estes fatores não é muito difícil, basta ter tempo de fazer umas 5 pescarias no mesmo rio pra começar a entender.

Só que no fly, na pescaria de vadeio, é outra história, você não vai conseguir andar longos trechos do rio explorando todos os pontos até descobrir qual é o melhor. Bom, até consegue mas vai demorar.

E se você não pode pescar sempre ou só pode fazer pescarias curtas, vai ser bem mais produtivo saber onde arremessar do que fazer um pente-fino no rio.

Antes que isso fique muito longo, 2 exemplos:

  1. Minha primeira pescaria de fly em ambiente natural: peguei 3 saicangas grandes em 2 horas de pescaria. Na segunda, também 2 horas, 4 peixes. Na terceira, 5 horas uns 10 peixes. Eu não sabia arremessar direito, meu equipamento não é top, minhas iscas não são lindas. Como consegui? Eu sabia onde arremessar, qual estrutura era boa e qual não era.

  1. Um amigo que está começando no fly veio pescar comigo, primeiro dia, nada de pescaria, só arremessos. 2º dia, primeira pescaria dele de fly em ambiente natural: vários lambaris, algumas saicangas e um robalinho. Como ele conseguiu? Não perdeu tempo em locais que aos nossos olhos eram bonitos e prováveis de ter peixe (mas não aos olhos do peixe)

Pescar é saber ler o rio, ler o rio é (tentar e conseguir) vê-lo com os olhos do peixe.

Nem tudo que reluz é ouro

E nem toda galhada é uma boa estrutura para pesca.

ESTRUTURA: acabamos viciados em um termo que na verdade não nos diz muita coisa.

Ou você nunca viu uma estrutura linda, grandes galhadas, pedras com fendas bem do lado de poços com árvores na margem fazendo sombra e chegou lá e nada de peixe.

Comigo já aconteceu milhares de vezes e se nunca lhe aconteceu no mínimo você sempre pesca com bons guias ou freqüenta um paraíso repleto de peixes.

A regra é simples:

1º comer

2º não ser comido

3º reproduzir

A estrutura pode ser maravilhosa, mas se não oferece comida o que o peixe vai fazer lá?

Imagine um restaurante com um ótimo ambiente, cadeiras confortáveis, luz suave e difusa, uma ótima e suave música ao vivo, garçons atenciosos, preços imbatíveis, mas se a comida é ruim... você vai jantar lá?

10% x 90%

Uma vez ouvi a seguinte frase:

"10% dos pescadores pegam 90% dos peixes que são pescados"

O que diferencia um do outro?

Não é o equipamento, nem a técnica.

O que diferencia é o conhecimento que se tem sobre o peixe e sobre o seu ambiente.

Conheça seu oponente

Pra realmente conhecer o nosso oponente, o peixe, existem duas maneiras: ou você pesca e observa o ambiente, exaustivamente durante anos ou procura se informar.

Mas onde procurar a informação?

Onde ela é precisa.

O Brasil está cheio de excelentes pesquisadores, e com o advento da internet é possível encontrar muitos textos, artigos e teses científicos, com a informação que nos interessa.

Esqueça revistas de pesca, elas vão ter boas dicas quanto à iscas (principalmente das que pagam pra aparecer), mas se você realmente quer entender e compreender o seu oponente, procure informação produzida a partir de critérios científicos.

Tente o google, o banco nacional de teses e dissertações, as grandes universidades. E melhor ainda, faça uma visita à universidade mais próxima, provavelmente alguém já vai ter estudado os hábitos alimentares daquele peixe que sempre te surpreende e você nunca entende.

Um exemplo do tipo de informação que podemos encontrar: em uma determinada região do Brasil foi descoberto que as saicangas se alimentam principalmente de insetos e que o pico alimentar é no início da noite. Já em outra região o alimento principal deste mesmo peixe são pequenos peixes e o pico alimentar é ao amanhecer.

Outra excelente informação: algumas espécies não se alimentam durante o período de desova, mas comem feito loucos antes e depois deste período.

Existem inclusive estudos que indicam qual gênero de insetos constituem a dieta principal do lambari em alguns locais do país.

Isso você não encontra em revistas de pesca, isso o teu amigo que pesca há 112 anos não vai te dizer.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O restaurante do peixe

Na última enquente a maioria marcou que quer tentar aprender a ler o rio. Então vamos lá.

A idéia inicial é simples, mas na prática nem sempre.

Se você fosse um monstro comedor de seres humanos, qual a situação mais fácil de você encontrar o seu alimento?
Não vamos considerar os eventos modernos que são produto da cultura: estádios de futebol, templos religiosos, shopping centers, etc. O que todos precisam fazer?

COMER.

Quer fazer um banquete de pessoas: vá a um lugar onde tem comida pra elas (um restaurante), e fique esperando, na espreita.

Para os peixes também é mais ou menos assim.

As preocupações deles podem ser resumidas em 3:
Comer;
Não ser comido;
Acasalar.

Quer encontrar o peixe, encontre o restaurante do peixe.

Obviamente vai variar (e muito) conforme a espécie "alvo", período do dia, época do ano, cor da água, luminosidade do dia, temperatura, etc.


Mas o princípio é um só: o peixe está onde ele se alimenta.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Equipamento x Conhecimento

Freqüentemente eu critico o preço de alguns equipamentos e quase sempre acabo arranjando calorosas discussões por conta disso.

Não sou contra equipamentos caros (embora não sejam pro meu bolso), não vou nem entrar na discussão se vale a pena ou não comprar uma vara de 900 dólares ou uma camisa de US$199.

Mas equipamento não é nada sem conhecimento.



- Não adianta usar Sage, Scott, G-Lommis, Abel, etc. e não saber arremessar.



- Não adianta ter wader de gore-tex da Columbia, Orvis, Simms e não saber como e por onde caminhar no rio.



- Não adianta fazer curso de arremesso com o Mel Krieger, com o Lefty Kreh e com a Joan Wulff e não saber onde arremessar.




E só tem um jeito de aprender de verdade: pescando.



Lembra quando a tua mãe dizia: "menino, sai da frente dessa TV e vai brincar lá fora!"


É a mesma coisa:
SAI DA INTERNET, LARGA OS CATÁLOGOS, PÁRA DE FICAR ALISANDO O EQUIPAMENTO, E VAI PESCAR!!!

Continuando as fotos...

Sempre que você for pescar em rios ou lagos, tente virar umas pedras ou tocos e ver o que encontra.


Pode ser que naquele momento você nem conheça o que você vai encontrar, mas tente fotografar, pesquise (livros ou Internet), descubra que bicho é, qual seu comportamento, quais as iscas que existem que imitam tal animal, etc.

Esta é a essência da pesca com mosca: identificar o alimento dos peixes, atar algo que imite e, obviamente, pescar.


Na primeira foto uma ninfa de libélula, para os íntimos damselfly nymph, agarrada à pedra.
Na segunda foto a mesma ninfa na palma da minha mão.

Agora lembra o tópico anterior?
Pois então, estas ninfas completaram a metamorfose, subiram em uma pedra, se livraram da "casca" e viraram libélulas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O que você vê?

Dois assuntos em um único tópico.

1. Fotografia: mais uma importância de fotografar, você pode registar coisas importantes para a pescaria, e assim evita de esquecer do que viu.

2. Observação é essencial na pescaria, sobretudo no fly. Veja esta rocha no rio. O que você vê?
Só uma pedra? Água correndo forte? Tem algo na água? Embaixo da pedra?

Nada?

Selecione o "espaço" abaixo para descobrir:
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Pra quem não conseguiu ver a rocha está cheia de "cascas" (não sei se o termo certo para este inseto é exo-esqueleto ou enchúvia) de ninfas de libélulas, que completaram a metamorfose: eclodiram e agora voam.
Atualização 2011: o nome correto é exúvia, é o exoesqueleto. E não são de libélulas, são de stone flies
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Rendeu.

Esta semana até que rendeu.

Ainda é muito pouco, mas considerando que não estava conseguindo atar nada, até que está bom.

Como sempre não estão lindas, mas tenho certeza que os peixes não vão se importar com isso.







Foram 6 formigas de asa, 2 formigas (sem asa)














4 elk-hair caddis












e 4 Seaducers.





Semana que vem pretendo fazer umas woolly-buggers e uns deceivers.

A caixa da foto ganhei de um grande amigo (valeu!)


Como atei, não pensei muito, então não tem nenhum dos tradicionais posts ácidos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Pare e FOTOGRAFE


Com a popularização das máquinas fotográficas digitais ficou mais fácil de ter uma boa máquina por um preço não tão absurdo. Por isso sempre que possível leve uma câmera em suas pescarias.

Mas não fotografe apenas os peixes.

Faça fotos de tudo: paisagem, rio, estrada, INSETOS, etc.

Fotografar é um ótimo hobby, ajuda muito a aprender a observar o ambiente, ajuda a, depois da pescaria com calma, olhar melhor o tipo do lugar onde pescamos, ajuda a lembrar como estava o dia, etc.

Então, de vez em sempre, pare de pescar e fotografe.

Nos próximos dias vou colocar fotos diversas que, aos mais desavisados, poderão parecer não relacionadas com pescaria.
Mas lembre: pescar não é só pegar peixe, e até chegar lá o caminho é longo, ou você conta só com a sorte?

domingo, 2 de dezembro de 2007

chegou o calor

Com a chegada do calor forte do fim de primavera e começo do verão, é hora de acordar mais cedo pra ir pescar nos finais de semana.


Acordando cedo é possível fazer belas fotografias, chegar no rio antes dos banhistas, pescar sem o sol castigando (bloqueador solar sempre) e ainda é um dos horários que os peixes estão mais ativos.

Na foto acima, o sol nascendo e o vapor de água subindo do rio.

A ignorância é uma dádiva.

E também um mal necessário.

A frase do título se encaixa em quase tudo, no fly também.

Até fazer o curso de arremesso tinha "testado" 4 varas: uma clássica de bambu, uma fenwick #6, uma saint croix #4 (todas de amigos) e uma martin #8 que ganhei (e depois vendi). Sabia que eram diferentes, mas não conseguia saber exatamente no quê.

No dia do curso de arremesso usei a minha fenwick #5, uma saint croix #4 (mais rápida que a que tinha testado antes, de outro amigo), uma martin #6 e uma Scott #7 (essas do instrutor, Beto Vaucher).

Nitidamente as varas eram diferentes, consegui perceber que umas eram mais rápidas outras mais lentas, mas parou por aí.

Os "testes" não foram realmente testes, pois eu não estava preparado para efetivamente avaliar os equipamentos. Eu não sabia o que poderia fazer com cada um deles, quais as suas vantagens e limitações.

Ontem, uns 4 ou 5 meses depois do curso, e pescando cerca de 1 vez por semana com a minha fenwick e às vezes usando a saint croix do parceiro, fiz novamente uns arremessos com a Scott do instrutor.

Quanta diferença. Agora consegui entender um pouco melhor alguns conceitos como potência, carregar a vara, deixar a vara arremessar e não o braço.

Agora eu sei algumas (não todas) das limitações, e algumas vantagens, do meu equipamento. A ignorância de não conhecer, na verdade não saber diferenciar, equipamentos de qualidade muito superior ao meu, não me incomodava.
Pescava alegremente envolto em minha inocência, a próxima pescaria (talvez hoje no fim da tarde) já não será a mesma, pois sei que ficarei imaginando como arremessaria com um equipamento "X".

Mas ainda não é hora de procurar um equipamento melhor. Três motivos:
1. dinheiro (óbvio),
2. ainda não consigo avaliar o que realmente eu quero, e o que julgo essencial:
3. não estou preparado para usar tudo o que um equipamento top pode me oferecer.

Alguns podem alegar que seria mais barato começar com um equipamento de R$800,00 do que com um de R$300 que depois de algum tempo vou trocar por um de 800 (total: R$1.200). Mas isso é outra história, mais uma das que fico devendo de terminar outra hora (posts longos são chatos e maçantes).

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sorte ou você tem...

ou se vira sem ela.

Sortudo é o cara que não tem a mínima noção do que está fazendo e ainda assim pega peixe, a famosa sorte de principiante.

Mas como nem sempre podemos contar com a sorte precisamos aprender o máximo possível para depender o mínimo necessário dela.

O que precisamos aprender?
Pra não perder o costume, eu acho que não é o que a maioria diz.

É lindo ver um looping desenrolar perfeitamente e a mosca pousar com suavidade. Ver uma mosca bem atada deslizando pelas águas é mágico. Usar equipamento de alta qualidade é sensacional.

Mas nada disso adiantará se você não souber onde colocar a sua isca. Não me refiro às técnicas de arremesso, mas em saber onde o peixe está e onde colocar a isca.

Também não adiantará colocar a isca mais linda do mundo na cara do peixe se não for algo que irá despertar o seu interesse naquele momento. Pode ser a ninfa de libélula atada com penas da última fênix, mas se o peixe não quiser ninfas de libélula, não adianta.

Também não adianta fazer tudo certo e estar no rio no momento que os peixes não estão comendo, ou não estão tendo comportamento de ataque (nem sempre um ataque é motivado por fome).

Então o que precisamos aprender?
Precisamos aprender a observar o ambiente. O rio, a cor da água, o nível da água, temperatura do ar e da água, se tem insetos eclodindo, se está sol ou nublado, que período do dia é, etc.

Aprenda a identificar estes padrões e cada vez menos você vai precisar da sorte.

Sorte pra mim é conseguir ir pescar em um dia e horário que eu sei que as chances de capturar alguns peixes é maior.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Raso?

Igor disse...

baita lugar! parece raso, tem idéia da profundidade?

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Eu sempre falava isso: este lugar é muito raso.
Até que um dia quando pescava com um grande pescador ele disse: é raso, mas cabe uma truta de 2 kg.
Só que no rio em questão não tinha trutas, mas antes que eu falasse, meio que lendo meu pensamento ele respondeu:
- Tá bom, aqui não tem trutas, mas um robalo de 2 kg cabe né?
- Mas é raso! - retruquei.
- Mas cabe ou não?
- Caber, cabe, mas continua sendo raso.
- Mas se cabe...

Alguns dias depois tentando pescar saicangas no fim de uma corredeira rasa algo pegou minha isca e saiu em disparada, na época pescava só de bait, a vara 12 lbs vergou completamente, o peixe prateado deu uma tomada de linha, 3 cabeçadas e escapou, sem eu saber o que era.
O mesmo pescador estava comigo, empolgado (e assustado) perguntou o que era. "Peixe" eu respondi, ele olhou pra água, voltou a olhar pra mim (que tremia feito vara ver) e riu. Então caímos na gargalhada lembrando da conversa de uns dias atrás.

Esta foi a única ação daquele dia. Não conseguimos colocar as mãos em nenhum peixe. Mas foi uma daquelas pescarias que a gente nunca esquece. Fica tudo fotografado passo-a-passo na memória.

Neste lugar da foto que gerou o comentário não tem robalos, aliás nem cheguei a pescar ali.

Mas essa outra pescaria foi em um lugar com no máximo 50 cm de profundidade.

Como dizia a propaganda: Está na hora de rever seus conceitos.


Valeu pelo comentário Igor, me ajudou a lembrar de uma história que rendeu um assunto.

domingo, 25 de novembro de 2007

Porque o fly não é popular? (parte 2)

Resumindo a teoria nº1 da impopularidade do fly, já discorrida anteriormente (aqui e aqui):

Boa parte dos metidos a pescadores, dizem que é impossível você pescar se não tiver um equipamento top, o que significa gastar no mínimo R$1.000,00. Deste modo a grande maioria acaba nem mesmo experimentando, afinal quem tem mil reais pra gastar em algo que não sabe se vai gostar? (eu não)
Se não houvesse tanto preconceito e mais divulgação dos equipamentos mais acessíveis, mais pessoas começariam a pescar com mosca, mesmo que pra isso tenha que se começar com um equipamento de qualidade intermediária. E então depois de começar, se decidir que é esta modalidade de pescaria que realmente quer fazer, pode-se, aos poucos, para quem não pode gastar muito de uma só vez, ir adquirindo equipamentos melhores.

Afinal se nas outras modalidades (bait-casting, corrico, oceânica, praia, etc.) é assim por que o fly não pode ser? Porque é algo de elite? Para seres iluminados? Bobagem.

Ou seja: embora muitos defendam não ser uma pescaria de elite, não é assim que ela é divulgada, ainda que inconscientemente, pela grande maioria dos praticantes.

Agora vamos à minha
Segunda teoria sobre a impopularidade do fly.

Vamos fazer uma comparação, quando alguém quer começar a pescar com iscas artificiais (bait-casting) ninguém leva o aspirante a pescador pra enfrentar mosquitos no mangue, tendo que fazer arremessos cirúrgicos pra tentar pegar o manhoso robalo. Provavelmente isso seria ótimo para as lojas de aeromodelismo, sim, pois pescador é que este cidadão não vai virar.

Geralmente o "ritual de iniciação" do futuro pescador de iscas artificiais, começa em um pesque-pague limpo com boa lanchonete, com um equipamento, de segunda linha, emprestado de um amigo (coisa raríssima no fly), arremessando spinner-baits para esfomeadas traíras. Enquanto o tutor usa uma zara para proporcionar ataques cinematográficos. Resultado: o novato vai pegar algumas no spinner-bait, vai ficar fascinado com os ataques na superfície e vai querer se aprofundar na modalidade.


Se até quem é experiente gosta de uma pescaria dessas, com direito a petiscos e cerveja no intervalo entre um peixe e outro, imaginem um iniciante.

Na foto de 2005 o Antonio, que já era experiente no bait e atualmente está iniciando na mosca, com uma traíra pega num spinner-bait.


Já na pesca com mosca...
vou deixar vocês pensarem/lembrarem como é a iniciação de um aspirante a mosqueiro, ou melhor, conte a sua experiência nos comentários.
No decorrer da semana continuo a idéia.

sábado, 24 de novembro de 2007

Ufa!

14 dias sem pescar. 2 semanas de loucura.

Finalmente consegui uma folga pra ir. Ufa, que alívio.

Mesmo não tendo fisgado nada, só as 4 ações (1 robalão, 1 saicangona, 2 saicangas) já valeram o dia.

Voltei "encasquetado" com um monte de acontecimentos do dia, o que vai dar tema pra postagens pra semana toda.

Mas por hoje vou deixar vocês só com uma paisagem, pra tentar explicar porque sempre digo que peixe é um detalhe (muito importante, mas não deixa de ser um detalhe).

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

quantidade x qualidade

estava tentando fazer postagens diárias, mas ando numa fase de muita ansiedade (material de atado que não chega, 12 dias sem pescar, carro que não consigo vender, ............ que não chega, trabalhos que demoram pra me pagar...).

Re-li os posts sobre lider e achei uma merda! (atualização: 3 anos depois, relendo, gostei. Vai entender)
Então agora só vou postar quando estiver inspirado.
Sem inspiração vai no máximo uma ou outra foto.

Afinal tem que ter qualidade e não quantidade. Ou como diz um amigo meu: o que importa não é a boniteza, mas a queridisse.

Tem um pacotinho...

aqui na portaria pro senhor.

Adoro ouvir estas palavras mágicas.


Infelizmente os anzóis e o "resto" de material pra poder usar isso aí da foto, só vem no sábado.

Enquanto espero o "carregador" das encomendas me sinto como Lou Reed em I'm waiting for Man

Se você não conhece esta música e ficou curioso procure a versão do David Bowie que é mais "fácil" de ouvir. Aliás Bowie é uma ótima trilha sonora para este blog, pra quem não conhece comece com Bowie at BEEB ou o Best Of.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Líder bom arrebenta.

Ao contrário do bait-casting, onde o líder deve ser mais resistente que a linha principal para tirar o peixe do meio das tranqueiras, na pesca com mosca é necessário encontrar um equilíbrio.

O líder tem que ser suficientemente resistente pra trazer o peixe e aguentar algumas esfregadas em paus e pedras, mas suficientemente fino para que arrebente antes de danificar a sua vara, linha ou carretilha.

Essa é uma das funções do tippet, a porção mais fina do líder onde fica atada a mosca, afinal é mais barato perder uma isca do que uma vara.

Receita de Líder

Receitas: isso é uma coisa que eu espero nunca colocar aqui.

Primeiro porque já existem zilhões de sites, livros e vídeos com receitas.
E este é o problema: qual receita usar?
Você tem que usar a que é melhor pra você e pra saber só tem um jeito: testando.

Segundo, você não precisa se prender a receitas. Apenas ter uma orientação inicial, saber como começar e adaptar às suas necessidades.

Vamos pensar como "nasce" uma receita: alguém tenta algo novo, vê que dá certo para ele e pronto. Se for famoso é só começar a divulgar, se não for ou começa a espalhar a receita para os amigos ou faz um site e coloca a receita como sendo a "melhor do mundo". Por isso temos que aprender a ser seletivos, e não apenas a reproduzir o que a internet nos dá, afinal existe muito lixo por aí.

Então, partindo do raciocínio acima podemos ter receitas extremamente ruins ou boas, mas o que interessa é que ela seja adequada para o equipamento que você usa, iscas que você usa, pescaria que você faz, técnica que você domina (ou não), etc.

Resumindo, a "regra" é a de sempre: TESTE O QUE É MELHOR PRA VOCÊ.
Pegue algumas receitas, monte uns 3 leaders diferentes e vá treinar. Se possível só treine, não pesque pois você não vai ficar atento as variações do líder. Teste eles, com diversas moscas diferentes, em arremessos mais longos e mais curtos e veja qual você melhor se adapta.

Obviamente para alguns tipos de pescaria seguir alguns padrões vão te ajudar muito. Também existem alguns princípios da física, que não temos como lutar contra e algumas fórmulas "mágicas" que podem ajudar muito a quem está começando. Mas pra não deixar vocês mal acostumados... isso fica pra depois. (atualização: ou veja a dica do Blatt nos comentários)

Boa noite.

Um lugar...

que eu ainda não pesquei, mas que promete. É onde eu gostaria de estar hoje.


Mas estou na correria, sem tempo pra pensar, escrever, revisar, alterar tudo, revisar novamente, resumir pra não ficar maçante e só então, postar.

Já estou há 10 dias sem pescar, isso também limita idéias, hum... isso dá assunto pra um post. Vou tentar postar algo à noite.

domingo, 18 de novembro de 2007

Fim de feriadão

Prometi escrever sobre líder mas estou com um branco completo na cabeça, deve ser por não ter ido pescar nenhum dia do feriadão, também não atei nada.

Pra piorar o meu material de atado (que já comprei) não chegou e a outra parte ainda nem consegui finalizar a compra.

Vou ficar devendo: comentar sobre líder e os kits de moscas pra saicangas.

Também tem vários assuntos começados e não terminados, eu sei, esta é a idéia, ir devagar e sempre. Não tornar isso algo maçante e exaustivo pra quem lê e muito menos pra mim.

Aos poucos vou tentar concluir as divagações já começadas.

Lusco-fusco

Pescar até o fim do dia, ver os últimos raios de sol se esgueirando por trás da Serra do Mar.

Nem precisa ter peixe, mas este horário é mágico para fotografar e para pescar.

sábado, 17 de novembro de 2007

Antes de começar...

Continuando uma postagem anterior

Então você vai começar a pescar. Ok, mas como começar?

A melhor opção é procurar um curso de arremesso.
Eu sei, falo o tempo todo de independência, criatividade, etc. mas não devemos confundir com teimosia e burrice. Te ensinam a andar, mas você escolhe por onde ir.

Eu relutei muito antes de fazer um curso, mas relembrando quanto tempo eu perdi e quanto dinheiro joguei fora em pescarias mal sucedidas e em equipamento (principalmente linhas e iscas) ao começar na pesca com iscas artificiais...

Não queria que o mesmo acontecesse com o fly.

Mesmo pegando umas boas dicas com um amigo, que viria a se tornar meu mestre e tutor no fly, vi que aquilo não seria suficiente. Dava pra lançar uma isca na água, mas não conseguiria apresentá-la sem fazer que todos os peixes num raio de 100 metros fugissem assustados e ainda corria o risco de desenvolver uma tendinite (é muito mais comum do que se imagina).

Li vários artigos e livros sobre arremesso, não resolveu. Vi alguns dvds e vídeos na internet, também não adiantou.

Então vi que um curso, no fim das contas, sairia bem mais barato do que perder tempo e dinheiro em pescarias falhadas, estragando material de pesca, comprando equipamentos que não prestam (lembre: pra saber o que é bom, primeiro você tem que saber usar) e principalmente lendo receitas mágicas que enganam bem, mas no fundo não funcionam.

A diferença básica de fazer um curso prático e ler um livro ou ver um vídeo não é o que você vê, mas O QUE O INSTRUTOR VÊ.

Podemos ver a coisa certa 1.000.000 de vezes e ainda assim, por vício ou erro de postura, continuar fazendo errado. O bom instrutor vê você arremessar e corrige os seus erros.

Às vezes no meio de uma pescaria escuto na minha cabeça as vozes do meu instrutor falando: "abaixe esse braço! Menos força, fly não é força! P-i-c-k--u-p: levante a linha! Ponta da vara pra baixo!"

Como de praxe, vou deixá-los pensando o assunto e (espero que) com um gostinho de "quero mais". Amanhã vou escrever rapidamente sobre os cursos que existem no Brasil e como escolher qual fazer.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Prazo de validade

um pré-post, antes de escrever sobre líder e moscas.

Segundo o dicionário michaelis a palavra regra significa:

1. Norma, preceito, princípio, método. 2. Máxima. 3. Ação, condição, qualidade, uso etc., que se admite como padrão comum; exemplo, modelo. 4. O que se acha determinado pela lei ou pelo uso. ...

Ia ser legal se as regras viessem com prazo de validade. Já que de tempos em tempos as regras mudam. E em tudo: no futebol, no trânsito, na vida e também na pesca.

Quando e porquê as regras mudam?

Uma das causas é quando alguém resolve fazer diferente, sair do padrão comum, e acaba por descobrir um novo método de se fazer algo. Se é um jeito melhor, com o tempo pode virar uma nova regra.

Tenha as regras como uma orientação, mas não fique amarrado a elas. Até porque muitas das regras que existem hoje na pesca com mosca surgiram das pescarias de truta na Europa e nos EUA. Ou seja: não são adequadas para nós, nosso ambiente ou nossos peixes.

Fuja do comum, crie, inove.

Afinal já temos tantas regras na vida, vamos nos dar o direito de ter um pouco de liberdade e criatividade pelo menos com o nosso hobby.

Pesqueiro bom não se conta nem pro pai.

Sempre cuide dos seus pesqueiros. Esse lugar da foto já foi bom, mas a pressão de pescadores não esportivos acabaram com este lugar. Faz tempo que não sai um peixinho daí.


Na foto, de meados de 2006, o mestre Rubem Gomes luta com um robalinho com sua vara de bambu.
E aos incrédulos (e inexperientes) que devem estar pensando: robalo, nesta corredeira?


Para ver maior click na foto e depois em "voltar" no seu browser.

tem que ver pra ser visto

Em iscas que imitam peixes, os famosos streamers, é essencial que a isca tenha olhos.

Podem ser importados, nacionais, 3D, reflexivo, de corrente, de boneca (tem em loja de armarinho) ou simplesmente pintados.

Os pintados são fáceis de fazer e dá pra ajustar o tamanho conforme o tamanho da isca. Mas pra alguns tipos de isca não tem como pintar, então vai ser preciso usar de outro modelo.


Não são obrigatórios, mas fazem a diferença, parece que os peixes atacam mais e erram menos os ataques. Acho que o olho dá mais realismo, afinal algo sem olho pode ser uma folha arrastada pela correnteza, sem contar que indica o "alvo", onde o peixe deve atacar.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

pseudo-Cockroach

Finalmente consegui parar pra atar alguma coisa.

Fiz apenas 6 pseudo cockroach (e uns jigs de bucktail que tinha prometido pra um amigo que pesca garoupas). Estas iscas vão fazer parte dos kits de isca para saicangas que pretendo disponibilizar semana que vem (se meu material de atado chegar).

Por que pseudo?
Porque (preciso consultar uma gramática sobre o uso dos "por quês") não segue a receita clássica. Aliás é tão alterada que podeira ter outro nome.



A cockroach original, apesar do nome (cockroach=barata), não imita uma barata, e é uma isca para pescar tarpons. Como a maioria das tarpon-fly elas são grandes, tem cauda longa e são atadas bem no final da haste, próximo a curva do anzol.

Eu faço esta variação pois ato elas pensando nas saicangas, que são umas trocentas vezes menores que um tarpon, atacam geralmente primeiro a cauda e gostam de um pouco de volume.

Por isso faço com a cauda mais curta, ato mais perto do olho do anzol e deixo os pêlos de bucktail mais "armados" dando mais volume. Além, obviamente de usar anzóis menores.
Essas eu fiz em anzol numero 6, o que pra saicangas eu considero quase o limite (já peguei até em anzol #2 mas perde muitas fisgadas).


São muito eficientes pra saicangas, principalmente pras que tem mais de 20 cm. Já tive uma isca dessas roubada por uma saicanga que resolveu atacar pela cabeça da isca e cortou o tippet.

Poderia fazer ainda menor, mas se for pra fazer em anzol, pra saicanga, menor prefiro outros tipos de streamers. Mas isso, como de costume, fica pra outra hora, senão vocês enjoam de tanta informação.

Bom feriado.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O importante É PESCAR

Antes vamos relembrar uma coisa: estamos escrevendo sobre os motivos da impopularidade do fly fishing.
E não sobre qual é o equipamento ideal.

O que quero deixar claro, é que O IMPORTANTE É COMEÇAR.

Não espere ter aquela vara de R$999,98 com aquela carretilha de R$289,89 com carretéis extras, 3 tipos de linha, wader de gore-tex, etc.

Se você puder ter tudo isso ótimo, parabéns pra você.
Mas não fique esperando conseguir o "ótimo" pra começar.

Você PODE pescar com equipamentos baratos, sem wader (no verão ou fora da água), sem lencinho vermelho de 30 doletas no pescoço e com um calçado velho.

Começe, só assim você vai adquirir experiência e conhecimento para comprar o que é melhor pra você e não o que é melhor para o vendedor te vender.

Preço não é sinônimo de qualidade: assim como existem bons e baratos existem ruins e caros. Como saber o que é melhor?
Lamento informar mas só tem um jeito: TESTANDO.

"Ah! Mas o Seu Crica falou que essa é a melhor vara do mundo"
Pode ser mas é pra ele, pro bolso dele, para as pescarias que ele faz, no lugar que ele pesca, com as iscas que ele usa e, principalmente, pro jeito (técnica ou falta dela) que ele pesca.

Depois, com mais experiência, você vai poder escolher melhor um conjunto de qualidade a um custo não tão absurdo. E vai se desvencilhar do "leader" dos vendedores (alguns até são bem intencionados, mas nem todos)

Ah! E aquele conjunto que você usou pra começar no hobby você pode vender pra outro iniciante, se tiver comprado usado pode até vender por um preço melhor do que pagou. Ou pode deixar esta vara e carretilha como um conjunto reserva, pra treinar arremessos, pra iniciar amigos, pra usar no pesque-pague ou pra emprestar praquele parente que de vez em quando quer ir pescar com você mas nunca compra equipamento nenhum.

Mas antes de começar... (aguarde o próximo post. hehehe)

se você não os vê...


não significa que eles não estão ali.

destrinchando a idéia

a ideia não era continuar agora, mas...

Teve um comentário que entendeu o post anterior.

Antonio Marcos disse...

bem, o problema é que os metidos a besta não explicam que existem boas opções a bons preços...
Sendo assim, até que sou obrigado a quase concordar com vc narigudo.
Bom, e polêmico post!!!


Exceto pelo "narigudo" (este é o problema dos "amigos" acessarem) ele conseguiu captar a mensagem.

Vejam bem, não estou dizendo dá comprar um conjunto de 300 reais e ser feliz pelo resto da vida, não que seja impossível.
Primeiro porque sempre estamos insatisfeitos, isso é natural do ser humano, e segundo, conforme você for adquirindo experiência, passando a dominar o equipamento mais você vai querer extrair dele, mas vai chegar uma hora que ele vai ter um limite.

Então meus caros pescadores, daí vai ser a hora de procurar algo melhor.

Se você ficar esperando juntar o dindin pra comprar um top, pode ser que você demore muito pra conseguir começar a pescar. Ou pior, quando for comprar, não vai ter experiência para escolher um equipamento ADEQUADO PARA VOCÊ, e vai ficar alienado aos vendedores, comprando o que eles dizem ser melhor (geralmente melhor pra venda deles).

Depois vou explanar mais a idéia, então depois tem outro post.

Agora vou atar.

Uma fotografia


afinal as pescarias também são feitas de imagens

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Porque o fly não é popular? (parte 1)

Vou contrariar uma “regra” minha e fazer um post longo, dividido em 2 partes. Hoje vou falar sobre equipamentos, outro dia falo sobre a parte prática.


Existem várias teorias, eu também tenho a minha, que dá pra resumir na seguinte frase:

Pesca com mosca não é popular, principalmente no Brasil, porque mais de 90% dos praticantes são METIDOS A BESTA!

Antes de você fechar esta janela e remover dos favoritos (o quê? Ainda não está lá!) leia a explicação.

Muito se discute sobre ser caro, ou não, e acabam fazendo comparações que não têm cabimento.

Quem já pratica o fly fishing se defende acusando a pesca com iscas artificiais (bait casting) de ser muito mais caro, por conta de existirem iscas de até 100 reais, carretilhas de R$1.000, etc. Mas esquecem que também existem iscas de 10 e carretilhas razoavelmente boas de R$115.

Toda comparação tem que ser no mínimo coerente.

TODO E QUALQUER HOBBY pode ser muito caro, vai depender do vício de quem o pratica. Exemplos: já vi pescadores de lambaris com varas telescópicas de 300 reais, de 5 tamanhos diferentes, total: R$ 1.500; uma vara pra pesca de praia pode chegar a custar mais de 800 dólares (conheço uma loja que vende umas 5 dessas por mês); pagar 100 reais em uma única isca artificial é um absurdo.

Aí você pode dizer: “Ah, mas pra pescar de praia não precisa de vara de 800 dólares, lambari pesco com varinha de bambu de 5 reais e não preciso das iscas de 100 compro as nacionais de 14 reais”.

O problema é que quase ninguém diz que no fly também não precisa.

Tudo bem que a disponibilidade de equipamentos não é tão grande, mas é possível. Existem várias opções para o iniciante, não vou citar marcas (pelo menos até receber algum patrocínio :-)), sem contar os equipamentos usados.

Só que quando alguém quer começar no fly, a maioria, OS METIDOS A BESTA, dizem: você tem que comprar uma vara da marca “S”, R$500 no mínimo, uma carretilha da “T” de R$200, tem que ter o carretel extra + R$150, linha de R$180, wader e wadding shoes (mesmo que o cidadão nunca vá pescar dentro da água), etc. SENÃO VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR PESCAR.


BALELA!

FIRULA!

ESTRELISMO!


Hoje, com muito pouco é possível começar a pescar com mosca. Obviamente não será um equipamento top de linha, mas você provavelmente aprendeu a dirigir num Gol 1.0 (ops! VW quero patrocínio, senão mudo de montadora. hehehe) e não numa Ferrari (se a escuderia também quiser patrocinar aceito uma camisa ou uma F50).


Acho que já deu pra entender a idéia. Semana que vem tem a parte 2 deste assunto, onde vou comentar a iniciação do aspirante a mosqueiro.

domingo, 11 de novembro de 2007

atrasado

Em virtude das mudanças o post prometido vai atrasar um pouco, só amanhã ou depois.

Todos os comentários que forem perguntas eu vou tentar responder aos poucos na forma de uma postagem. Estou considerando-os como sugestão.

sábado, 10 de novembro de 2007

A previsão errou e fui pescar

Só 3h 30 min de pescaria. O calor judiou bastante, principalmente de quem esqueceu a garrafa de água :-/

Dia muito bom, os peixes estavam ativos, porém manhosos.

Levei só duas wolly buggers e evitei usá-las, queria testar outras iscas.

Atacaram a mini clouser minnow, a mini cockroach e a mini seaducer, outro dia falo só delas. Mas a isca que me surpreendeu foi o mini-deceiver.

Fiz pensando nos robalos, mas resultou nas maiores saicangas do dia (29 cm a maior) e mesmo as pequenas não a recusaram, nem lembro quantas foram nesta isca, acho que umas 6.

Ao todo foram umas 13 saicangas "embarrancadas" (parei de contar na 8ª), sem considerar as que escaparam no meio do caminho. Coisa rara para um peixe arisco e que identifica rapidamente o que é comida o que é de mentira, ainda mais em uma pescaria tão curta.


Aquele resto de woolly me surpreendeu mais uma vez. Em um ponto que tinha certeza que teria peixe, tentei várias iscas e nada. Coloquei a woolly, ela mal caiu na água e a saicanga atacou. Foram 3 só nesta isca, só neste lugarzinho (que realmente tinha peixe). Enfim chegou a hora da aposentadoria por serviços prestados e invalidez da coitada.

LEMBRAR de deixar uma garrafa de água no carro, assim não tenho que acabar a pescaria mais cedo por causa do calor.

ps. não gostei deste post, muito relato, pouca informação. Mas... bom, comenta aí.

E se a previsão erra...

separa as tralhas rapidinho e vai pra beira do rio
E na próxima vez não esquece de levar água senão a pescaria tem que acabar mais cedo (pior que estava ótimo)




Quanto mais eu pesco este peixe, mais ele me fascina.

Antes, no bait, era uma opção pra quando não tinha como pescar robalos, agora com fly... é outra história.
1º é mais produtivo que o bait;
2º é mais emocionante que o bait (a caçada, a briga, as iscas destruídas)
3º embora mais produtivo é cada vez mais evidente que este não é um peixe simples de ser pescado.

A cada pescaria eu aprendo algo novo.

Peixinho fantástico, se fosse em algum outro país com certeza existiria toda uma estrutura de turismo de pesca e PROTEÇÃO deste peixe.

Depois tem mais detalhes da pescaria de hoje e amanhã (ou segunda) um post pra quebrar mitos e abalar alguns egos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Previsão do Tempo

Chuva fim de semana todo, com tendência a longos períodos de atado de deceivers e cockroachs.



Já que perguntaram:

As woolly buggers da foto do boné, eu fiz esta semana com um resto de material.
Como acabou meu material pra este tipo de isca, não vou vender nenhuma dessas agora, senão fico sem.

Semana que vem pretendo comprar material, se alguém for querer alguma manda e-mail, que aumento o pedido de material (pobre f... compra tudo picadinho).

Como já avisei não são lindas (mas não são as feiosas, essas são pra uso pessoal), mas pegam peixe e são baratas, algo entre 3 e 4 dinheiros.
Vai depender de por quanto eu conseguir o material e do que eu beber enquanto ato :-)

as feias também amam.


às vezes a isca fica muuuito feia, daí só resta duas alternativas:

1º Desmontar, perder o material e usar o anzol pra começar tudo de novo, ou.

2º Colocar a isca na caixa "pesque-pague" e deixar que as traíras façam o serviço.

Porque as feias também amam.
E os peixes não sabem a diferença de um nó de acabamento feito com 3 ou 13 nós.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

holy hamburger

Este deveria ser o nome desta isca: HAMBURGER SAGRADO (o Zanetti, já comentou algo parecido). Deve ser assim que os peixes vêm elas.

Não imita nada mas parece o essencial: COMIDA, e isto basta.

Se você está começando no fly, comece por aqui (ração artificial seria uma opção, mas... isso é outro assunto. Estamos falando de moscas, ou o mais próximo disso).

Esta isca pega de tudo e o seu trabalho, com recolhidas de linha, mantém a linha sempre esticada, facilitando em muito a fisgada pra quem está começando.

Apesar de ser considerada uma mosca clássica, ela não tem nada de "purismo" (um dos motivos que gosto dela). Reza a lenda que ela deve ser inteira de uma cor.

Mas como gosto de contrariar (testar seria o termo certo) as regras, eu prefiro fazer em cores diferentes, criando um contraste entre cauda, corpo e hackle.

Este resto de woolly bugger (feito em anzol #8), que já está quase virando uma woolly worm, ficou assim depois de várias saicangas atacarem a cauda da isca.

Por isso não gosto de seguir padrões: reduzo aqui, aumento ali e assim deixo as moscas como funcionam melhor (pelo menos pra mim).

Nesta isca que peguei a grandona lá de baixo.

Por hoje chega, já escrevi demais, posts longos são maçantes e ninguém lê. Outro dia falo mais sobre as variações das buggers.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

I HAVE A DREAM!


Violando todas as regras dos "puristas"*, como diria Martin Luther King, Jr.:
EU TENHO UM SONHO.

Sim, é exagero meu comparar com Luther King, mas gostaria que fosse possível aos novos mosqueiros comprar uma wolly-bugger atá-la ao seu tippet e sair pescando traíras. Numa simples (e gratificantemente ignorante) relação causa e efeito.

Se em todas as modalidades pode ser assim, com pescadores mais ou menos esforçados (ou neuróticos), porque o fly-fishing não pode ser?
Por exemplo: a pesca de praia com isca natural pode ser tão técnica quanto pescar com mosca seca.

Quem quiser aprender sobre entomologia que aprenda, mas que não critique quem quer apenas** pescar.

Vamos quebrar os MITOS.
Vamos popularizar a pesca com mosca.

Muitos pescadores de bait-casting têm aderido à pesca com mosca (me incluo nesta categoria), porém vários desistem pois querem coisas simples, ao menos no começo.
Simples como: spinners são bons para jacundás e zaras para traíras. A complexidade (ou maturidade) vem com o tempo.


* as aspas é porque não acredito em purista. Se você se julga purista vá pescar com vara de bambu e linha de seda com cera de abelha. Ah! E deixe o wader de gore-tex em casa.

** na verdade não acredito em "apenas" pescar. Se tudo correr bem, em breve teremos mais um livro em língua portuguesa, de um grande mosqueiro, que deve estar chorando ao ler o que escrevi aqui, que discorrerá com maestria sobre o assunto. Vou me policiar para não antecipar nada (assim que ele autorizar divulgo a capa e uma sinopse).
Saicangas, a melhor pescaria.

De longe a melhor pescaria de saicangas que já fiz. Não pela quantidade de peixes, mas pela pescaria em sí: o dia, a situação, os ataques, os peixes perdidos e os fisgados.

Duas moscas tem se mostrado ótimas para estes valentes peixes, que desmerecidamente são ignorados pela maioria dos pescadores esportivos.

Depois posto foto detalhada das moscas.

E mais uma vez...

os momentos de ócio se transformam.

Já que não consigo concentrar no que realmente devo fazer, vou me manter ocupado, pois já dizia o ditado: cabeça vazia oficina do diabo.