terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os Monstros se multiplicam

Eis um pouco do atado das últimas semanas.

Tem mais umas (tentativas de) ninfas e secas que não estão na foto.

Ia postar fotos detalhadas das moscas, mas elas ficam mais bonitas assim, de longe. ;-)

Quem acompanha o blog sabe que não gosto de seguir receitas. Ato considerando o que vejo (e imagino) que os peixes podem atacar, principalmente em silhueta e comportamento na água, por isso raramente sigo padrões. As cores, na maioria das vezes, são baseadas na minha experiência da pesca com iscas artificiais de plástico ou madeira, o tal do "bait cast".

Quando necessário, e possível, adapato ao material que tenho disponível, por isso, além das alterações de forma e cor, é comum ter iscas que a receita "original" era com um material e atei com outro.

Mas algumas regras básicas não dá pra não respeitar: tem isca aí que ainda vai receber olhos. Só não colei ainda pois acabou o epóxi.


domingo, 27 de novembro de 2011

Bead Heads: as "miçangas" para pesca

Quem ata suas moscas a algum tempo sabe a diferença entre os "bead heads" para pesca e as miçangas comuns.


As miçangas para confecção de bijuterias e artesanato podem ser encontradas em uma enorme variedade de cores e tamanhos, em algumas lojas de armarinhos existem catálogos, em geral custam muito pouco. Porém... sempre existe um porém, neste caso dois "poréns".


Primeiro é no caso das miçangas metalizadas: prata, cobre e dourado, que são as cores mais usadas para quem pesca com mosca. As miçangas de bijuteria em geral não resistem muito bem a água e vão perder o brilho ou, em alguns casos, enferrujar logo após a primeira pescaria.

O outro segundo problema é que algumas miçangas simplesmente não dá pra usar. Elas não passam pela curvatura do anzol. Lembra dos excelentes bead heads inúteis. As miçangas para bijuteria raramente se prestam para a pesca, pois elas tem o furo do mesmo tamanho dos dois lados, que geralmente é pequeno e por isso elas não vão passar na curvatura no anzol. O barato pode sair muito caro. Tudo o que você compra e não usa é caríssimo, não importa o preço. Se pagou 1 real por 100 miçangas mas não conseguiu usar nenhuma, jogou dinheiro fora.

Já as miçangas para a pesca com mosca, os famosos bead heads, não sofrem deste mal. Pois são feitas para passar pela curvatura do anzol, por isso um dos lados o furo é maior ou tem uma ranhura para passar pela curvatura livremente.



Já em relação aos bead heads metálicos, em sua maioria são fabricados em latão, cobre ou alumínio e resistem relativamente bem a água. Não oxidam, mas perdem o brilho com o tempo. Uma alternativa que não perde o brilho com tanta facilidade são os bead heads de tungstênio, que são mais caros.

Uma dúvida comum é qual o tamanho do bead head para cada tamanho de anzol, já que geralmente são vendidos com tamanhos em fração de polegada ou em milímetros.

Felizmente existem algumas tabelas que auxiliam a escolha. Mas tenha em mente que elas são apenas para uma referência básica e não uma regra fixa. Pois o formato e espessura do anzol pode variar e também podemos querer fugir das regras, fazendo iscas com cabeças maiores ou menores.

Só não me pergunte porque a maioria dos vendedores não coloca essas tabelas nos seus sites. Ou eles acham que você tem a obrigação de saber tudo ou ficam felizes se você errar e tiver que comprar mais que o necessário?


Pesquisando um pouco mais encontrei outra tabela um pouco diferente e mais simples que traz o tamanho do anzol de "referência", mas na prática pode considerar também um anzol acima e um abaixo. Por exemplo, para o bead head de 2 mm, o tamanho de referência é o 18, mas quase sempra vai poder usar também no 20 e no 16.


 Como já foi escrito, o material de que são fabricados pode variar, em geral são feitos de latão, alumínio, cobre, tungstênio, chumbo ou plástico. Estes materiais tem densidades diferentes e um bead head do mesmo tamanho de diferente material terá peso diferente. A escolha do material, mais ou menos pesado, tem relação direta com a profundidade que você deseja que a sua mosca atinja. Para quem quer brilho máximo, mas não quer muito peso existem alguns bead de tungstênio que são ocos ou de alumínio ou plástico com tratamento que realça o brilho.


Vou ficar devendo fotos de iscas feitas com miçanga, mas este tópico já estava ficando longo mesmo, então até a próxima.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ferramentas de atado

Já escrevi um pouco sobre material de atado, em especial o alternativo e genéricos .

Para o material de atado, na maioria das vezes, a regra material de primeira = atado de primeira é válida. Vai depender da habilidade do atador, mas mesmo um excelente atador não consegue fazer milagres com material ruim. Só não esqueça que moscas feitas com material de "terceira" podem pegar peixes "de primeira". Afinal o que pega o peixe não é a isca, é o pescador.

Ao ver um artigo sobre bobbins no blog do Keko, percebi que nunca tinha escrito nada sobre as ferramentas de atado.

O material que eu uso é super simples, composto basicamente daqueles kits de atado para iniciantes: uma morsa fixa, uma tesoura fajuta, um hackle plier que não segura muito bem, um bodkin, um bobbin e um hair stacker. Este material me foi emprestado por um amigo e está comigo há vários anos. Por uma questão de prioridades ($$) não fiz grandes melhrias no meu ferramental.


Para começar a fazer as suas próprias moscas isso é mais que suficiente. Na verdade as minhas primeiras moscas eu fiz prendendo o anzol com um alicate de pressão e apoiando ele entre alguns livros só pra não precisar ficar segurando o alicate. Não tinha bobbin, usava uma tesourinha de costura, não tinha bodkin, nada. As moscas ficaram horríveis, como sempre, mas pegaram peixe, como quase sempre ;-).

Como diz o meu mestre: "aquele que quer encontra um caminho, o que não quer encontra uma desculpa".

Aos poucos fui adquirindo algumas coisas melhores: comprei uma tesoura específica, ganhei um hair stacker melhor, comprei um hackle plier melhor e recentemente comprei uns bobbins bem simples com ponta de cerâmica. Estou esperando o correio entregar o whip finisher que ainda não tenho. Até hoje em todas as minhas moscas eu faço o nó com os dedos, mas para as pequenas (menor que #12) o acabamento fica muito ruim.


A grande diferença de ter ferramentas de melhor qualidade é que fica muito mais confortável de atar. A tesoura corta reto, de primeira, sem mascar os pelos, haclke plier não fica escapando e é mais fácil e rápido de alinhar pelos com este hair stacker. Com isso ganha-se muito tempo e não gasta-se tanta paciência.

Obviamente isso reflete na qualidade dos atados, mas não vai fazer muita diferença se você não tiver alguma experiência e, principalmente, capricho. No final a regra é a mesma de sempre: quem ata é você e não o equipamento. Equipamento bom ajuda, e ajuda muito, mas não faz nada sozinho.


Se você tem curiosidade e vontade de atar suas moscas, arrisque, não fique se martirizando por não ter aquela super morsa robotizada que gira sozinha. Grandes atadores da Europa atam segurando o anzol com os dedos, muito frequentemente na margem do rio, após observar quais são os insetos que estão disponíveis para os peixes.

Então chega de desculpa e vai atar!

Se quer uma dica de quais materias comprar pra começar dá uma olhada neste texto do Fly Magazine.

Não pode gastar com material de atado agora? Se vira! Pega uns pelos do gato ou do cachorro (assunto pra outro tópico), umas penas de galinha comum ou daquela fantasia velha, uns brilhos de enfeites de natal, uma linha de costura e começe.

Depois que você fizer as suas primeiras iscas e pegar algum peixe com elas, vai descobrir uma nova dimensão da pesca.



Ps. Ando meio disléxico, se encontrarem erros de português, por favor avisem.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Como escolher uma vara de pesca com mosca?

Já escrevi sobre a escolha do equipamento, continuo achando que o mais importante é pescar, mas fiquei afastado do fly fishing e parece que emburreci, esqueci de muitas coisas que eu já havia escrito, sem conhecimento tive dificuldades pra escolher um novo equipamento.

A ignorância pode ser uma dádiva, mas na maioria das vezes é apenas ignorância.

Para quem pode dispor de algum dinheiro e comprar equipamentos de alta qualidade a escolha é mais fácil. Mas se você, assim como eu, precisa encontrar o melhor que o seu suado dinheiro puder pagar é bom pensar um pouco antes.


Agora vou tentar ser um pouco mais objetivo.


Qual é a melhor vara de fly?
Por mais evasivo que pareça, a resposta mais objetiva é: depende.
Depende de quanto você quer gastar, de que peixes vai pescar, de que moscas vai arremessar, do nível de técnica que domina, entre outros fatores.

Felizmente o contínuo crescimento das lojas específicas de pesca com mosca e a ampliação das opções, facilitam muito a compra de uma vara de fly.

A primeira dica é: fuja das lojas de pesca generalizadas, lojas de artigos esportivos, agropecuárias e afins. Equipamento de pesca com mosca se compra em fly shop.  Prefira as lojas nacionais, pois em caso de problemas com seu equipamento é possível acionar a garantia (para as marcas que possuem). As maiores fly shops nacionais que vendem pela internet são: Fly Shop Brasil, Fly Sul, Na Mosca, Fly dos Pampas e Fly e Cia. Não vou indicar marcas (só se tiver patrocínio. hehehe), mas qualquer uma destas lojas oferecerá equipamentos com um padrão mínimo de qualidade necessário para um bom arremesso, o que certamente não acontecerá em uma loja não especializada. 
Cuidado com equipamentos muito baratos oferecidos em lojas não especializadas, em geral, apesar de baratos, são tão ruins que comprá-los significa jogar dinheiro fora.



Segundo: quanto você quer e quanto você pode gastar. Já vai conseguir reduzir bastante as opções. Não se martirize se não puder comprar uma vara de grife agora, lembre: o importante é pescar.


Terceiro: o que você realmente vai pescar. Não faça como eu fiz recentemente, que queria uma vara para pescar robalos, saicangas, jacundás, tilápias, traíras e black bass. Se concentre no que você realmente pesca. No meu caso mais de 90% das pescarias são de robalos, então meu equipamento deve ser direcionado para este peixe.
Em qualquer área: o que é bom pra tudo, não é bom pra nada. Uma explicação que recebi recentemente foi que:

Se for andar só na cidade, compre um carro compacto e econômico.
Se for andar só na estrada, compre um carro médio com motor mais potente.
Se for andar fora da estrada, compre um 4X4.
Mas se for fazer um pouco de tudo, compre um FUSCA.

Mas quem quer andar o tempo todo de fusca?

Acredito que é mais importante identificar o que vai fazer a maior parte do tempo. Se anda a maior parte do tempo na cidade compre um carro compacto, isso não vai impedir que você ande em rodovias ou estradas de terra. Não vai ter o mesmo desempenho e conforto, mas na maior parte do tempo, quando trafega na cidade, vai estar bem servido.

No meu caso, uma boa vara para robalo vai me atender em 90% das pescarias, para os outros 10% não vai ser o ideal, mas vou poder pescar assim mesmo. Melhor do que fazer 90% das pescarias com um equipamento que não é ideal.

Lembre do ditado popular: "quem tudo quer, tudo perde"


Quarto: Definir a numeração do equipamento é um ponto um tanto controverso (por isso separei do anterior) e vou esmiuçar mais em outro momento. Mas tenha em mente que:
  • a vara precisa ter potência para carregar a linha e poder levar a mosca que vai usar (maior mosca = equipamento de maior número) nas condições que você pesca (se onde pesca geralmente venta precisará de um equipamento mais potente);
  • precisa tirar o peixe da água sem submeter este a um esforço exacerbado e desnecessário, o que poderia matá-lo (não confunda diversão ou esportividade com tortura);
  • precisa ter tamanho (comprimento) adequado para a situação (varas maiores = arremessos mais longos; varas mais curtas = arremessos mais rápidos e em locais com menos espaço), e finalmente;
  • precisa ter um peso (massa, peso absoluto, em gramas) confortável. Em geral, quanto maior a numeração mais pesada e menos confortável de pescar. Mas isso vai depender da qualidade do equipamento. Existem varas #8 que são mais leves em peso e por isso confortáveis de arremessar do que varas #4 de qualidade inferior.
Se você pesca de bait casting e está migrando para o fly, tem uma diferença que gostaria de ressaltar. No bait casting, com uma vara "pesada" de 17 ou 20 libras dificilmente conseguiríamos arremessar iscas muito pequenas com 5 gramas por exemplo, já com o equipamento de pesca com mosca isso é possível. Por exemplo, com um equipamento #8 você arremessa iscas grandes e minúsculas, já com um equipamento #4 não vai conseguir arremessar iscas muito volumosas. Obviamente ao aumentar a numeração a luta com o peixe será prejudicada, mas isso é outro assunto.

Quinto: presumo que você já arremessa ou fez um curso de arremesso, então se possível teste os equipamentos que tem em vista. Fale com amigos, agende uma visita aos lojistas e teste. Infelizmente nem sempre isso é possível. Então converse com outros pescadores que praticam o mesmo tipo de pescaria que você.


Agora, sabendo qual vai ser o uso, qual a numeração e quanto pode gastar ficará muito mais fácil comprar uma vara de fly.

É importante ter em mente que nenhum equipamento vai ser definitivo. Conforme for se aprimorando e especializando vai querer outros equipamentos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Há muito tempo atrás...

Há muito tempo atrás havia prometido voltar a atualizar o blog.

Como praticamente não pesquei com mosca, isso não ocorreu. Os principais motivos(acho que) foram: a falta de um equipamento adequado a pesca do robalo com fly fishing e por participar de alguns campeonatos de pesca com arremesso de iscas artificiais (bait casting) e por isso, me dedicar mais a esta última modalidade.

Sim, eu poderia ter ido pescar saicangas como já fiz tantas vezes, mas agora (desde o final de 2008) que tenho um barquinho, a vontade de ir até o manguezal procurar os robalos fala mais alto.

Por algum motivo não estava satisfeito com a minha vida haliêutica, mas não sabia bem o que era.

A pausa forçada nas pescarias (para consertar uma má formação no quadril) me levou a ler muita coisa (não só sobre pesca) e a conversar com alguns mestres da pesca e isso me fez repensar minhas atitudes.

Descobri que estava sofrendo do mal citado por um dos meus mestres na pesca com mosca: "O que deveria ser uma filosofia de vida passa a ser equivocadamente considerada esporte. O que deveria ser puro e verdadeiro cai nas garras da vulgares do senso competitivo humano, transformando irmãos em inimigos dentro de um campo de batalhas líquido." (trecho do livro "False cast, true cast: fatos, mitos e pesca com mosca, de Rubem Gomes, que pode ser acessado no Fly Fishing Brasil)

Ainda não posso pescar, mas já encomendei um equipamento #8 para pescar robalos e na medida do possível (não consigo ficar mais de 1h30 sentado) tenho atado moscas diversas para robalos, saicangas, lambaris, tilápias, etc.

Sei que é chato ler textos longos e sei que eu tenho dificuldade de escrever suscintamente. Mas tentarei registrar aqui um pouco desta minha briga "fly X bait" e assim, tentar ajudar outros que sofrem do mesmo mal.

Agora vou reler tudo o que já postei aqui, pois com certeza tem muita besteira.