segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mosca meditante

Os budistas dizem que no início consideramos que um rio é um rio e uma montanha é uma montanha. Depois descobrimos que um rio não é um rio e uma montanha não é uma montanha. E finalmente compreendemos que um rio é um rio e uma montanha é uma montanha.

Este, e vários outros ensinamentos budistas, podem ser relacionados com a pesca com mosca.

O meu mestre na pesca com mosca uma vez me disse que no dia em que eu compreendesse porque uma woolly bugger pega de tudo em qualquer lugar do mundo eu estaria começando a entender esta modalidade de pesca. Em outras palavras:


No princípio uma woolly bugger é uma woolly bugger, depois descobrimos que uma woolly bugger não é uma woolly bugger. Até que finalmente compreendemos que uma woolly bugger é uma woolly bugger.




Já escrevi neste blog que gostaria de apenas atar uma woolly bugger ao tippet e pescar, pois acreditava que esta isca não imitava nada em especial, apenas "comida". Hoje entendo porque esta isca é tão efetiva.


Sempre defendi a "desmitificação" e simplificação do fly, facilitando o acesso a todos. Mas hoje finalmente consigo ver que só pode fazer um resumo quem leu o livro inteiro. Para desconstruir antes precisamos construir. 

A ignorância não é uma dádiva, é um veneno!


Se você quer pescar compreendendo o que está fazendo e não ser apenas mais um cara "descolado" que pesca com um equipamento diferente, vai ter que mergulhar fundo em livros e mais livros: entomologia, livros históricos de pesca com mosca, tipos de penas de aves, hábitos alimentares dos peixes, climatologia e muitas outras coisas.


Hoje eu finalmente entendo que uma woolly bugger é uma wolly bugger, em toda a sua amplitude e em todas as suas limitações. Já o rio não é um rio.